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Melhores escolas no Enem 2012 cobram mensalidades de até R$ 3,8 mil

No Estado do Rio, preços variam de R$ 700 a R$ 3 mil, com a média entre eles girando em torno de R$ 2 mil.

Quem quiser matricular seu filho em uma das escolas com as melhores notas no Enem de 2012 deve se preparar para despesas a altura das pontuações no exame do MEC. A média das mensalidades das escolas particulares do Rio que ocupam as 20 primeiras colocações no ranking feito com dados da prova é de R$ 1910. Já os colégios privados nas 20 melhores posições do Brasil custam, em média, R$ 1891. Em todo o país, as mensalidades dessas instituições de elite variam de R$ 700 a R$ 3 mil, valores bem mais altos que os R$ 351 gastos pelos governos com estudantes da rede pública, que são a grande maioria no exame do MEC.

Os alunos do ensino público representam 65% dos participantes do exame que tiveram suas notas avaliadas pelo Instituto de Pesquisas Educacionais Anisio Teixeira (Inep). Segundo o órgão do MEC, o investimento público anual por aluno no ensino médio era de R$ 4,2 mil em 2011. Este valor vem crescendo. Em 2001, já considerando a inflação, o gasto era de R$ 1,5 mil por ano, ou R$ 130 mensais. Os números não se aproximam das mensalidades mais caras entre os colégios com as maiores médias no Enem de 2012, segundo os dados divulgados na segunda-feira.

As escolas de Rio e São Paulo estão entre as mais caras. Segundo melhor colocado na capital paulista, o Colégio Vértice (Unidade II) tem mensalidades de R$ 3,854 para alunos do terceiro ano do ensino médio. Primeiro lugar do país, o Objetivo Integrado, também paulista, tem preço menos salgados: R$ 2,166. O Colégio São Bento, melhor colocado no Rio e quarto do Brasil, custa R$ 2,807. A mensalidade mais cara na capital fluminense é do pH. Sem bolsa ou desconto, o aluno paga até R$ 3 mil na série final do ensino médio. A rede de ensino tem duas unidades entre as 20 melhores do Rio.

Em estados como Minas Gerais e Goiás, as mensalidades têm valores mais baixos. Os estudantes do Colégio Bernoulli, em Belo Horizonte, pagam R$ 1,3 mil por mês para frequentar a escola que ficou em segundo lugar no ranking nacional feito a partir das médias das provas objetivas do Enem, desconsiderando a nota da redação. O Colégio WR, em Goiania, que ocupa a 15ª colocação, tem mensalidade de R$ 1,470.

- Os pais devem, sim, levar em consideração o Enem. Os resultados mostram o rendimento dos alunos em disciplinas importantes. Mas é preciso observar, também, se a escola mantém esse bom desempenho ao longo dos anos. Além disso, deve-se fazer uma análise criteriosa da instituição, levando em conta aspectos como a filosofia pedagógica e o ambiente - comenta o professor Reynaldo Fernandes, ex-presidente do Inep.

Para o presidente do Sindicato das Escolas Particulares no Estado do Rio de Janeiro (Sinepe), Vitor Notrica, as taxas cobradas pelas escolas refletem as diferentes propostas pedagógicas, com cargas horárias diferenciada e qualificação do corpo docente. Ele explica que os reajustes anuais nas matrículas levam em conta a inflação e os investimentos do colégio, além do preço dos aluguéis e impostos. No entanto, para ele, o mais importante é a proposta pedagógica:

- Tudo depende da proposta pedagógica. É claro que numa escola com uma carga de aulas muito maior, o custo será muito maior. Quem espera uma escola barata pode pagar pelo preço da ignorância. Escola não é gasto, é um investimento.

Há divergências. Segundo o presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais e Alunos (Confenapa), Pedro Barreto, as mensalidades de muitas escolas particulares ultrapassam o limite do “abusivo”. Para ele, somente quando a classe média começar a exigir uma escola pública de qualidade é que os preços no setor privado baixarão.

- Quando os pais dos alunos brigarem por uma escola publica de qualidade, as mensalidades das privadas vão baixar, até por conta das leis de mercado. Tradicionalmente, as escolas particulares justificavam o aumento maior do que a inflação por conta de investimentos. Mas eles devem fazer esses investimentos com margem de lucro deles, e não a partir do aumento das mensalidades - reclama.

A auditora da receita do Rio, Claudia Falcão, integra o grupo de pais que fazem questão de manter os filhos nas escolas particulares. Sua filha Luisa, de 18 anos, estuda no Centro Educacional Espaço Integrado, desde pequena. Não é fácil desembolsar mais de R$ 2 mil para pagar a mensalidade.

- Tenho que ficar sempre de olho para não estourar o orçamento. São quase três salários mínimos por mês. Mas uma boa educação sempre foi minha prioridade - comenta Claudia, cuja filha, Luisa, quer cursar Publicidade. - Ela teve uma ótima formação. Minha filha se desenvolveu como cidadã e ser humano, diferentemente dos colégios da minha época, que só ensinavam para vestibular.
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