Mãe de bebê morto em Teresina diz que seita seguia profeta de 12 anos
A polícia informou que peritos do Instituto Criminalística estiveram no local onde o bebê Wesley teria sido queimado e foi encontrado material que passará por exame de DNA.
Nesta quarta-feira (22), a Conselheira Tutelar da zona Leste de Teresina, Tatiane Meireles, falou sobre novas revelações feitas pela mãe do bebê Wesley Carvalho, que desapareceu em dezembro e investigações da Polícia Civil apontam que a criança teria sido queimada em um ritual por uma suposta seita.
A conselheira Tatiane Meireles relatou ao Viagora que em um novo depoimento da mãe de Wesley Carvalho, Ângela teria afirmado que os familiares paternos da criança seguiam um profeta de 12 anos que escolheu seu filho para participar de uma seita.
“Segundo o relato da mãe, a Ângela, esse profeta tem 12 anos, mas ela de fato não disse se tem parentesco com o pai da criança, não sabemos se é sobrinho, nós não sabemos qual o grau de parentesco dele. Segundo o relato da mãe eles fizeram realmente uma seita ouvindo as orientações desse profeta, agora ela veio dizer a verdade sobre ele. Nós cogitávamos que teria essa pessoa, mas foi recentemente no depoimento dela que ela disse que teria esse profeta. Quando ela veio para o Conselho, ela sentou conosco, comigo Tatiane Meireles e com a outra conselheira Socorro Arrais, e na ocasião ela está sendo investigada pela polícia e disse que já havia contado outras duas versões que todo mundo sabia, porque até então a informação chegou até tardia para nós do conselho. Quando ela relatou ela disse que contaria a versão verdadeira”, afirmou a conselheira.
De acordo com a conselheira que acompanha o caso, os familiares paternos do bebê junto a mãe da criança e Wesley Carvalho, realizavam um ritual na qual todos deveriam ficar em jejum, sem tomar líquidos e sem tomar banho.
“A mãe da criança conta que eles passaram mais de uma semana nesse ritual sem se alimentar, sem tomar nada de líquido, tinha a questão da higiene que não poderia tomar banho, tanto ela quanto a criança. Ela relata como se só o filho dela fosse o escolhido, mas de fato havia outras crianças porque nessa residência do pai havia outros membros da família inclusive as crianças, ela relata que tinha outras crianças, mas a dela foi a escolhida para aquela situação. E Ela só tinha ele, era filho único”, destacou.
Ainda segundo Tatiane Meireles, após mais de uma semana participando desse ritual com orientações do profeta a criança já estava há muitos dias sem comer e enquanto estava nos braços da mãe a criança teria desfalecido.
Conforme a conselheira, diante da situação Ângela afirmou que teria entregado o bebê ao pai para que o mesmo encaminhasse Wesley Carvalho para receber socorro, contudo ao retornar para a casa dos avós paternos o pai da criança não estava com a mesma e ainda relatou que teria arremessado a criança em uma caeira, que seria um fogo utilizado para cozinhar.
“Nessa ocasião que eles se encontravam lá na residência dos avós paternos ela disse que a criança estava há muitos dias nesse jejum, ela disse para a avó que a criança precisava se alimentar e avó disse que não, que a criança não podia se alimentar. Em um dia que ela estava com a criança nos braços e a criança desfaleceu, então nessa hora ela fala para o pai que a criança não estava bem e entrega a criança para o pai que sai com a criança. Quando ele sai com o menino ela sabia que ele tinha saído para o médico para prestar socorro a criança, nós questionamos para ela se demorou muito tempo para que eles retornassem e ela disse que não demorou muito. Quando ele voltou já não estava mais com a criança foi quando ela disse que o pai e as outras pessoas que estavam com ele na ocasião, que ele tinha pegado a criança e jogado em uma caeira, e nós perguntamos o que seria isso, e ela afirmou que era um fogo que eles fazem para cozinhar. Nessa hora ela afirmou que eles falaram que jogaram a criança, de fato nós sabemos dessa situação que a criança foi jogada em uma caeira, mas não sabemos se de fato a criança já estava morta”, relatou Tatiane Meireles.
A conselheira ainda explica que durante o novo depoimento foi possível perceber que a mãe do bebê além de participar do ritual também sofria pressão psicológica dos avós paternos, fato que foi relatado pela mãe de Ângela.
Segundo o depoimento da mãe do bebê, ela teve seu cabelo cortado sem sua permissão pelos avós da criança. A conselheira Tatiane Meireles afirmou ainda que Ângela teria sido induzida a contar outra versão dos fatos. Os avós paternos e o pai da criança já foram presos na noite dessa segunda-feira (21) pela Polícia Civil.
“Eu falei para ela: olha mãe, Nós como conselheiros não isentamos ninguém, cabe o papel da polícia fazer a investigação, mas nessa ocasião nós podemos observar várias situações que em que a mãe já vive, que a gente pôde perceber que a mãe tem problemas neurológicos, psicológicos então a gente vê que ela também passou por pressão psicológica, porque a mãe dela relata que ela tinha o cabelo longo e foi atrás da filha e chegando lá na casa da avó paterna quando a Ângela vem já vem de cabelo curto, então a avó paterna da criança cortou o cabelo dela sem a permissão dela e ela disse que aquilo tudo que ela estava vivendo já era uma pressão por parte da família paterna, então tem tantas outras coisas em jogo, tem a questão da mãe que já sofria esse tipo de situação, porque toda essa história foi porque ela foi treinada para dizer”, explica a conselheira.
Para a conselheira do caso a mãe da criança teria decidido relatar os fatos verídicos, pois se sentiu confortável e acolhida. Após o novo depoimento, a mãe afirmou que se sentiu aliviada.
“No nosso papel de conselheira, de órgão de proteção, entendemos que ela se sentiu confortável, acolhida, porque ela já tinha dado outros dois depoimentos para a polícia, ela sabia que estava sendo investigada e quando ela teve esse contato conosco ela disse para a mãe dela que iria falar a verdade, então acredito que ela se sentiu mais segura, ela até disse que estava se sentindo mais aliviada. Eu disse para ela: diante desse fato que você está nos contando você sabe que você está falando algo muito sério então nós a orientamos, porque nós antes de sermos conselheiras, ficamos muito abaladas com esse caso, porque mesmo que nós tenhamos situações corriqueiras nunca será algo normal para a gente, nunca terá algo que diremos esse caso é de praxe. O que nos deixa mais aliviada é que diante daquela situação, ela já estava sendo investigada, e o delegado afirmou para ela que ela precisava dizer a verdade, porque da próxima vez as consequências seriam maiores, como foi, então nós ficamos com a sensação de dever cumprido, porque demos a ela a liberdade e a tranquilidade para ela relatar, confessar os detalhes que ela não havia dito e por ela se sentir realmente acolhida, não sei se foi pelo papel da figura feminina que ela se sentiu mais confortável, então para nós estarmos abordando a situação e ela como mãe, genitora, para nós foi algo difícil mas ao mesmo tempo nos deu aquele acalento de saber que nós estávamos contribuindo para aquela situação”, ressaltou.
Sobre o caso
A polícia informou que peritos do Instituto Criminalística estiveram no local onde o bebê Wesley teria sido queimado e foi encontrado material que passará por exame de DNA e que será utilizado para confirmar se pertence ao bebê.
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