Único preso no caso WikiLeaks diz ser vítima de abusos em prisão nos Estados Unidos
Grupos de apoio a Manning esperam que a juíza militar que julga o caso, ao emitir a sentença do soldado, considere uma redução da pena devido a supostos abusos
O advogado de Bradley Manning - o jovem soldado acusado de entregar milhares de documentos confidenciais ao site WikiLeaks - denunciou que seu cliente vem recebendo um tratamento "humilhante e degradante", nos primeiros meses em que cumpre prisão no Estado americano da Virgínia.
Manning é até hoje a única pessoa presa no vazamento de dados secretos em 2010, o maior da história dos Estados Unidos. Ele está detido em um centro operado por fuzileiros navais e ainda aguarda julgamento.
O nome de Manning voltou ao debate público no domingo, quando o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, manifestou solidariedade ao jovem soldado em um discurso na sacada da Embaixada do Equador em Londres.
Grupos de apoio a Manning esperam que a juíza militar que julga o caso, ao emitir a sentença do soldado, considere uma redução da pena devido a supostos abusos cometidos contra ele.
Mas há quem duvide de que Manning esteja sendo maltratado na prisão.
Uma carta do Conselho Geral do Pentágono, do dia 19 de maio de 2011, afirma que a prisão de Manning no centro militar de Quantico, na Virgínia, está dentro dos marcos legais dos Estados Unidos.
"Apesar de o soldado Manning ser classificado como detento de segurança máxima em Quantigo, ele ocupa o mesmo tipo de célula individual na qual se detém todos os demais presos a espera de julgamento", afirma a carta.
"Ao soldado Manning é permitida uma hora de entretenimento por dia, com acesso à área de recreação e (jogar) basquete. A ele são proporcionados comida, cuidados médicos, assessoria de saúde mental, televisão, visitas de pessoas de fora, chamadas telefônicas, correio eletrônico e encontros de rotina com seus advogados."
O documento também afirma que familiares de Manning o visitaram em diversas ocasiões.
"Tortura"
Quando Manning foi preso, em maio de 2010, ele foi levado diretamente a Quantico.
A BBC conversou com um grupo que apoia Bradley Manning que afirma que o soldado está em uma cela solitária e que só tem permissão para circular do lado de fora durante 20 minutos por dia. Além disso, o grupo alega que ele está sendo obrigado a ficar nu e passar horas de pé, sem se apoiar em nenhuma estrutura.
O advogado de Manning, David Coombs, entrou com um pedido na Justiça, de mais de cem páginas, no qual denuncia as condições de abuso e humilhação. Ele disse que existe uma cumplicidade entre os militares, que ignoram as recomendações psiquiátricas de manter alguém vigiando o soldado, para impedir que ele se mate.
"É uma forma de tortura", disse à BBC Ann Wright, ex-militar que deixou as Forças Armadas americanas em 2003 em protesto contra a guerra do Iraque. Hoje ela trabalha no grupo de apoio a Manning.
"São algumas das técnicas trágicas que a Marinha usou em Guantánamo e Abu Ghraib."
Ela diz que este não é o tratamento que se dá a qualquer prisioneiro "certamente não a alguém que ainda não foi condenado de nenhum crime".
Julgamento
Segundo o código militar, se um integrante das Forças Armadas for ilegalmente agredido antes do julgamento, o juiz pode rejeitar as acusações ou ao menos aliviar a sentença, para compensar pelos danos sofridos.
O problema neste caso é definir se houve ou não abusos contra Manning.
O ex-militar Stephen Donehoo, que é assessor de assuntos de inteligência do grupo McLarty Associates, se disse cético diante das acusações feitas pela equipe de defesa do soldado.
"Não posso imaginar que no lugar de detenção onde ele se encontra o tenham submetido a abusos", disse Donehoo à BBC. "É natural que seus advogados tentem se apegar ao que podem, mas não vimos nenhuma prova forense, que será definitiva."
Ann Wright disse que existe um suposto e-mail no qual um oficial americano teria autorizado abusos contra Manning. Ela disse que os documentos serão apresentados na próxima semana à juíza que trata do caso, em audiência em Fort Meade.
No começo de outubro serão realizadas novas audiências que determinarão se as denúncias de Manning serão acatadas ou não.
Manning é até hoje a única pessoa presa no vazamento de dados secretos em 2010, o maior da história dos Estados Unidos. Ele está detido em um centro operado por fuzileiros navais e ainda aguarda julgamento.
O nome de Manning voltou ao debate público no domingo, quando o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, manifestou solidariedade ao jovem soldado em um discurso na sacada da Embaixada do Equador em Londres.
Grupos de apoio a Manning esperam que a juíza militar que julga o caso, ao emitir a sentença do soldado, considere uma redução da pena devido a supostos abusos cometidos contra ele.
Mas há quem duvide de que Manning esteja sendo maltratado na prisão.
Uma carta do Conselho Geral do Pentágono, do dia 19 de maio de 2011, afirma que a prisão de Manning no centro militar de Quantico, na Virgínia, está dentro dos marcos legais dos Estados Unidos.
"Apesar de o soldado Manning ser classificado como detento de segurança máxima em Quantigo, ele ocupa o mesmo tipo de célula individual na qual se detém todos os demais presos a espera de julgamento", afirma a carta.
"Ao soldado Manning é permitida uma hora de entretenimento por dia, com acesso à área de recreação e (jogar) basquete. A ele são proporcionados comida, cuidados médicos, assessoria de saúde mental, televisão, visitas de pessoas de fora, chamadas telefônicas, correio eletrônico e encontros de rotina com seus advogados."
O documento também afirma que familiares de Manning o visitaram em diversas ocasiões.
"Tortura"
Quando Manning foi preso, em maio de 2010, ele foi levado diretamente a Quantico.
A BBC conversou com um grupo que apoia Bradley Manning que afirma que o soldado está em uma cela solitária e que só tem permissão para circular do lado de fora durante 20 minutos por dia. Além disso, o grupo alega que ele está sendo obrigado a ficar nu e passar horas de pé, sem se apoiar em nenhuma estrutura.
O advogado de Manning, David Coombs, entrou com um pedido na Justiça, de mais de cem páginas, no qual denuncia as condições de abuso e humilhação. Ele disse que existe uma cumplicidade entre os militares, que ignoram as recomendações psiquiátricas de manter alguém vigiando o soldado, para impedir que ele se mate.
"É uma forma de tortura", disse à BBC Ann Wright, ex-militar que deixou as Forças Armadas americanas em 2003 em protesto contra a guerra do Iraque. Hoje ela trabalha no grupo de apoio a Manning.
"São algumas das técnicas trágicas que a Marinha usou em Guantánamo e Abu Ghraib."
Ela diz que este não é o tratamento que se dá a qualquer prisioneiro "certamente não a alguém que ainda não foi condenado de nenhum crime".
Julgamento
Segundo o código militar, se um integrante das Forças Armadas for ilegalmente agredido antes do julgamento, o juiz pode rejeitar as acusações ou ao menos aliviar a sentença, para compensar pelos danos sofridos.
O problema neste caso é definir se houve ou não abusos contra Manning.
O ex-militar Stephen Donehoo, que é assessor de assuntos de inteligência do grupo McLarty Associates, se disse cético diante das acusações feitas pela equipe de defesa do soldado.
"Não posso imaginar que no lugar de detenção onde ele se encontra o tenham submetido a abusos", disse Donehoo à BBC. "É natural que seus advogados tentem se apegar ao que podem, mas não vimos nenhuma prova forense, que será definitiva."
Ann Wright disse que existe um suposto e-mail no qual um oficial americano teria autorizado abusos contra Manning. Ela disse que os documentos serão apresentados na próxima semana à juíza que trata do caso, em audiência em Fort Meade.
No começo de outubro serão realizadas novas audiências que determinarão se as denúncias de Manning serão acatadas ou não.
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